MENINAS DO BRASIL

EXPOSIÇÃO

MENINAS DO BRASIL – 2014

Artista: Geraldo Lacerdine

“O que seria de nós se a narrativa de nossa existência fosse transformada em obra de arte?”

“Meninas do Brasil” é resultado de uma pesquisa do artista sobre cultura brasileira, tendo a mulher como foco central da expressão. O trabalho dá voz a mulheres anônimas, que muitas vezes são silenciadas pelo abandono, pela exclusão social ou pelo fato de serem pobres, negras e subjugadas. “Mais do que simples telas, a exposição tem uma dimensão sociológica e traz histórias reais de mulheres de diferentes idades, talvez por esse motivo tenha resultado em um envolvimento tão grande do público presente nas mostras e que muito tem me alegrado”, afirma Lacerdine, que também é diretor de comunicação da Companhia de Jesus (Província Brasil Centro-Leste).

A exposição reúne 18 grandes telas, de acrílico sobre compensado, algumas com 1,30m x 1,80m, com cores vivas e fortes. Segundo o artista, que tem o dom de transformar narrativas em obras de arte, o público, ao se deparar com narrativas reais, tem a sensação de estar diante dessas mulheres e dentro da história com sentimentos aflorados.

Entre as histórias, todas comoventes, estão as de Elizete, a primeira da série, do interior de São Paulo, que, abandonada pelo marido, teve de cuidar de cinco filhos sozinha; Dandara, uma sem-teto de Belo Horizonte (MG); Tereza, de 78 anos, que vive em uma solidão profunda após ser esquecida pelos filhos; Alice de 13 anos, grávida do próprio pai; e de Judite, 50 anos, à espera por um homem que conheceu quando moça.

 www.artelacerdine.com

Algumas das obras:

JuditeJudite – Tela: 1,00 x 1,40 cm

“Quando eu era menina-moça conheci o homem mais formoso que qualquer mulher pode conhecer na vida. Falava manso, gostava de cantar e assubiá (sic)… Quando bati o olho nele, percebi que ele seria o pai dos meus filhos. Eu era tão doida por ele, mas tão doida, que nunca tive coragem de me declarar com medo de ele me dizer não e eu perder tudo, até a oportunidade de só olhar pra ele de vez em quando. Hoje tenho 50 anos, nunca tive homem nenhum, só tenho a esperança de que um dia ele virá dizer que me ama.”

AliceAlice – Tela: 1,30 x 1,80cm

“Não gosto de falar de mim, me acho feia, de cabelo duro… Eu queria ter o cabelo liso, tenho certeza que as pessoas gostariam mais de mim! Tenho 13 anos e já estou embuchada… Também não gosto de falar disso… Foi meu pai quem teve a culpa.”

ElizeteElizete – Tela: 1,30 x 1,80cm

“O pior dia da minha vida foi quando o ordinário do Manuel me abandonou de resguardo no quinto menino… Eu tinha saído do banheiro, quando vi o bilhete depositado em cima da cama… Li e percebi o transtorno do meu desespero… O que eu vou fazer da minha vida? Eu não tenho ninguém por mim e tenho cinco meninos pequenos… Sem rumo, sentei na janela e chorei meu desespero de não ter ninguém por mim…”

OdeteOdete – Tela: 1,00 x 1,40 cm

“Eu gosto de gera (sic) menino, é a coisa mais boa (sic) desse mundo… Senti o bichinho chutano (sic) na barriga da gente! Sabe que eu me sinto meio Deus, criano (sic) a vida dentro de mim?”

TerezaTereza – Tela: 1,00 x 1,40 cm

Sinto muita falta dos meus fios (sic). Quando a gente fica velha, o povo some tudo (sic)! Eu moro sozinha, fico sozinha, como sozinha, durmo sozinha… das poucas alegrias que tenho é quando os menino (sic) liga e diz que vai (sic) chegar no final de semana… Aí eu espero, espero e ninguém vem.”

Virgem das doresVirgem das Dores – Tela: 1,00 X1,40 cm

“Sinto que ela se parece com nóis (sic), que sofre a dor do desespero quando temos pouco pra dar prós (sic) nossos filhos… que agoniza sentada do nosso lado nas pernoites frias nos hospitais públicos… Quando perdi a Camila, minha menina do meio com meningite, ajoelhei no meio do corredor do hospital, fechei os olhos e senti a Mãe me olhando com o coração aberto de dor…era o meu coração que estava daquele jeito e ela me entendia…imaginei que colocava a mão no coração dela e…não sei explicar, mas o meu ficava em paz..”

LuziaLuzia – Tela:1,00 X 1,40 cm

“Quando pequena, fui doada por minha mãe porque tinha uma anomalia nas pernas, o que me impossibilitava de andar. Entendo minha mãe, pois aqueles tempos eram difíceis, pobreza, falta de tudo e mais um monte de filhos para criar. Foi a minha madrinha que me acolheu, quando eu tinha três anos de idade. Dizem que, quando cheguei na casa dela, a madrinha se ajoelhou, agradeceu a Deus pelo presente de chegada e pediu a Nossa Senhora Aparecida que me curasse as pernas. O tempo passou… e aos 15 anos, eu já estava completamente curada e vivendo como uma pessoa normal. Daí, fomos ao Santuário de Aparecida agradecer a Deus e a Nossa Senhora pela graça. Estávamos juntas eu, a madrinha e minha mãe”.

Sobre o artista – Aos 36 anoso mineiroGeraldo Lacerdine é formado em comunicação, filosofia e teologia. Abraçou a pintura como modo de expressão e transformação da realidade. Faz uma pertinente síntese entre filosofia, sociologia, antropologia e arte. www.artelacerdine.com

Serviço:
Exposição “Meninas do Brasil” –
Local: Faculdade Dom Helder Câmara | R. Álvares Maciel, 628 – Santa Efigênia, Belo Horizonte – MG, 30150-250 | (31) 2125-8800

Geraldo Lacerdine – Relações com a Imprensa
Press Services Soluções Integradas em Comunicação
Barbara Acacia / Deborah Ferreira
E-mail:
[email protected]/[email protected]
Tel.: 3120-9987| 3120-9984

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