Você sabia que a prostituição não é crime e está no CBO?
Ainda assim, a sociedade associa a prostituição à marginalidade e vadiagem. A atividade se sobrepõe à pessoa e esta é vista por preconceitos que a desqualificam: “mulher de vida fácil”, “vadia”, expondo a mulher à exclusão, violência e humilhação.
Elas falam:
“Você fez um programa comigo e não pagou! Ele ficou quieto, fechou a mão e deu um soco na minha cara; e me xingou de puta barata”.
“Eu falo para os meus cliente: na cabeça deles a gente é uma máquina de sexo. A gente não tem sentimento. Enquanto isso não mudar não vai acontecer nada. Vai continuar meninas apanhando, vai continuar cliente dando calote.”
“O medo é tanto! Medo da família e suas repressões. Tanto a igreja quanto quem contrata os serviços da prostituta acaba na rua discriminando a gente. A pessoa tem aquele medo de se revelar, escondem a identidade profissional devido ao preconceito da sociedade. Somos mulheres, mas não podemos aparecer como prostituta. aí nos colocamos à margem, o que gera mais violência.”
“Quando se fala em exploração, em Belo Horizonte são as diárias. Eu não tenho conforto nenhum para pagar R$150,00. Minha despesa não é só diária, tem material de limpeza, alimentação. O meu quarto mesmo, para eu abrir a porta, tenho que ter ,todos os dias, R$200,00.”
Muitas vezes as prostitutas são rotuladas de transmissoras de HIV. Será que isso é verdade?
“A gente não tem noção de quantos homens vêm nos hotéis que são soropositivos. Hoje mesmo eu fiz um programa com um cliente antigo e ele propôs, porque ele é cliente de sete anos, que a gente abrisse mão do preservativo. Eu olhei para ele e falei: você está louco, você bebeu? Que aconteceu com você, meu filho?”
“Então meu bem, se eu estou aqui, sem dinheiro, você me oferece um tantinho a mais pra eu ficar, se eu aceitar com você, eu aceito com qualquer outro. Para e pensa se sua vida vale a pena uma relação?”
“Aidética… Eu contraí o vírus da AIDS por causa de um estupro, ao contrário do que as pessoas pensam por eu ser prostituta. Eu estava indo para casa com uma colega, estava tarde e um homem se vingou por ter contraído a AIDS e eu fui uma das suas vítimas…”
Mãe, Filha, irmã… Preconceito…
“De tanto ouvir que ela tem um trabalho que não é normal, ela começa a se sentir anormal. Por que a mulher esconde o que faz? Por causa do medo do preconceito; o medo de não ser aceita, o medo de perder o amor dos filhos; tudo isso começa a deixar ela frustrada.”
“Quando o policial ameaçou chamar o conselho tutelar para tirar minha filha eu armei a maior confusão. Mas tudo isso porque sou prostituta; senti o peso bem na fala do policial.”
O QUE A VIDA FEZ DA GENTE E O QUE A GENTE FEZ DA VIDA
Documentário – Em breve!
Perfil das entrevistadas
Mulheres em situação de prostituição (em atividade ou não) do hipercentro de Belo Horizonte.
Foco: sensibilizar quanto à vulnerabilidade social, cultural, e econômica, psicológica e até mesmo familiar/afetiva e suas influências nas formas de exploração sexual.
Temas envolvidos:
– Mulher da Vida X Mulher e Vida;
– Vida fácil X Vida difícil;
– Violência X Direitos da Mulher;
– Vulnerabilidade social, cultural, econômica e psicológica;
– Enfrentamento X Transformação;
– Cidadania X Direitos Humanos;
– Mulher prostituta X Mulher traficada (busca de histórias para identificar a presença desse crime invisível);
– A oportunidade, na verdade é uma saída que vira exploração.