No dia 4 de setembro, o Cine-Diálogos contou com a presença de:
– Joel Zito (sociólogo e cineasta diretor do documentário Cinderelas, lobos e um príncipe encantado);
– Beth Campos(Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes em Minas);
– Betinho Duarte – Comitê Coração Azul de Minas Gerais;
– Fernanda Lins e Ana Paula Silva (da Pastoral da Mulher de Juazeiro-BA) ;
– Laura Maria (Presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais-Aprosmig).
O filme apresentado relata dados de pessoas traficadas pelas fronteiras internacionais para fins de exploração sexual e mostra a esperança de mulheres brasileiras na busca pela melhoria de vida e sonho do encontro com o “príncipe encantado”.
Joel Zito falou sobre sua experiência e percepções a respeito do tema:
“Esse filme chegou para mim por meio de uma amiga da UNICEF com o tema de luta contra exploração sexual contra crianças e adolescentes no Brasil. Inicialmente, o filme era sobre turismo sexual no Brasil, mas muita coisa apareceu nas entrevistas, inclusive esse sonho de cinderela”.
“Fui em busca das vítimas e das outras”…
“Quando cheguei na Europa vi que era impossível ter acesso às vítimas do tráfico de pessoas. No meu encontro mais próximo, na Itália, fui ameaçado.”
“O racismo na sociedade brasileira, associado ao machismo, leva a uma hipocrisia social e ao complexo de vira-latas”.
Fernanda Lins e Ana Paula Silva apresentaram a realidade do trabalho realizado com prostitutas no projeto Oblata e destacaram que “Petrolina é considerada rota de tráfico de pessoas”. Segundo elas, um dos fatores mais relevantes para que esse crime aconteça é a vulnerabilidade social e a conivência de muitos atores da sociedade. É preciso trabalhar também as questões de gênero e racismo para entender como as mulheres se tornam alvo e mercadoria nas mãos de aliciadores.
Laura Maria (Presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais-APROSMIG) apresentou o trabalho da APROSMIG e relatou as conquistas ao fazer parcerias para obter mais segurança, mas disse que ainda falta muito. O olhar das pessoas está mudando também, comentando sobre as formas de prostituição que a sociedade não reconhece como tal. “Ser prostituta é muito mais. Não é só se deitar com cliente. Qualquer venda do seu corpo é prostituição.”
Recado de Laura para as garotas
Beth Campos(Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes em Minas) falou sobre os recursos para denúncia e a complexidade do tema. “Existe o estigma da menina e do menino que denuncia. Por isso pouc@s denunciam e outr@s acabam se arrependendo por causa do sistema e a forma como são tradad@s”.
Betinho Campos falou sobre a campanha Coração Azul contra o tráfico de pessoas e ressaltou a necessidade de integração pela causa. Também trouxe uma reflexão a respeito do olhar sobre as mulheres brasileiras e estereótipos que sustentam a violência de gênero e as deixa vulneráveis ao tráfico.