Meu cliente favorito sumiu!
Bobo. Ele saiu fora me devendo. Tantas vezes veio e pagou direitinho; dávamos bem. Conversávamos bastante, falando de tudo. A gente estava se curtindo, eu sei.
Mas, desde a semana retrasada veio com uma tristeza na cara dizendo que não ficaria comigo neste dia porque sua firma não o havia pagado.
Eu disse a ele que depois me pagasse; e ficamos. Na verdade, não o cobraria. O agarraria e jogaria pra dentro do meu quarto, se preciso fosse.
Fizemos melhor que as outras vezes. E demorado mais que das outras vezes. Nem vi o tempo passar! Perdi dinheiro, com certeza, com clientes batendo à porta, a me esperar. Nem liguei.
Ele disse que voltaria no dia seguinte pra ver-me, ainda mais que é seu caminho de casa; passar no centro onde atendo.
Mas o dia passou com eu contando cada minuto. O outro dia também.
Comentei com uma colega, que percebera meu transtorno, e ela, lógico, comentou o mais provável: aproveitaram de mim.
Mas não acreditei. Continuei esperando-o.
Passadas essas duas semanas, eu encontro a mesma amiga que me vê de volta à minha simpatia costumeira (sem ver meu “eu” por dentro). E, de repente, ela pergunta do moço da Copasa, aquele da “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”- ironizou-me.
E respondo, fria, que eu perdi dinheiro. Porém ele perdeu uma companheira; uma companheira amorosa, dedicada, caprichosa, que largaria tudo por ele. Que daria todos os dias muito amor pra ele. Que quando ama não enxerga outro homem que não seja este.
Vanusa - Mulher, cidadã, escritora, mãe, estudante, prostituta.