MISSÃO OBLATA E ATUAÇÃO DO/A VOLUNTÁRIO/A

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Na tarde do dia 26/02/2019, encerrou com chave de ouro o Curso Intervenção Social na Prostituição e suas interfaces. Estiveram presentes 35 participantes, entre eles religiosos/as, leigos/as, representantes de parcerias do DpL, acadêmicos e professores universitários.

Segue o manual de voluntariado da Unidade Oblata Diálogos pela Liberdade – Rede Oblata BH – Brasil.

CARTILHA DO VOLUNTÁRIO/A – 2019

Apresentação

Nosso Projeto nasceu no ano de 1982, a partir de um grupo de pessoas que se sensibilizaram com a questão das mulheres que exercem a prostituição nos bairros da Lagoinha e Bonfim, região de acentuada concentração de prostíbulos.

Com o nome de Pastoral da Mulher de Belo Horizonte, o projeto coordenado pelo Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor acompanhou o deslocamento do público atendido e passou a desenvolver seu trabalho no hipercentro de Belo Horizonte. Para ampliar seu alcance, expressar sua filosofia e modo de atuar, o projeto passou a se chamar Diálogos pela Liberdade, consolidando sua marca em 2016.

Atuamos de modo a criar meios de aproximação e sensibilização junto às mulheres que exercem a prostituição nas diferentes localidades do hipercentro de BH. A intenção é despertá-las para NOVOS OLHARES, que lhe proporcionem uma ANÁLISE CRÍTICA sobre suas condições de vida e de trabalho, para o seu próprio potencial de crescimento, para questões que envolvem a sua

realidade e o mundo, num processo de RESIGNIFICAÇÃO da sua história.

  1. O voluntário/a

É todo cidadão que, motivado pelos valores de participação e comprometimento, disponibiliza seu tempo, conhecimento e talento de maneira espontânea e não remunerada para causas sociais e de interesse comunitário.

Entende-se que a ação voluntariada vem a ser mais que uma ação de generosidade e doação. Ela significa uma abertura a novas experiências, oportunidade de aprender e compartilhar conhecimento.

O trabalho voluntário desempenhado junto às instituições sem fins lucrativos é regulamentado pela lei nº 9.608 e nº 13.297/2016.

  1. Compromisso

O trabalho voluntário deverá ser exercido com o mesmo cuidado e responsabilidade que qualquer outro trabalho. Questões importantes para ambos deverão ser colocadas, assim como todas as dúvidas e expectativas.

É importante que o voluntário/a se conscientize de que é imprescindível sua presença (as pessoas estarão esperando por ele/a), sua pontualidade (muitos trabalhos só podem ser exercidos em determinados horários) e sua responsabilidade.

Não importa o tempo de duração desse compromisso, o que realmente importa é que, enquanto durar, ele seja desenvolvido dentro das regras estabelecidas.

É de responsabilidade do voluntário/a manter seus dados atualizados (telefone, e-mail etc.).

  1. Orientações Institucionais

A unidade Diálogos pela Liberdade tem o compromisso de preservar, proteger e cuidar dos dados e imagens das mulheres que são atendidas pelo projeto. Por isso pedimos a todos os voluntários/as, parceiros, colaboradores e convidados que não tire fotos dentro da unidade. Caso seja necessário realizar algum registro, procure a coordenação.

Outro aspecto importante que pedimos atenção, é que caso seja necessário realizar qualquer contato telefônico com a mulher, o mesmo seja realizado pelo celular coorporativo.

  1. Nossa atuação está estruturada em três projetos:

4.1 Aproximação (Abordagem)

Consiste na realização de visitas aos locais nos quais as mulheres exercem a prostituição no hipercentro de BH.  Esta é uma ação que proporciona DIÁLOGO, informação, sensibilização, conhecimento da realidade, além de ser uma forma de convidá-las a participar das atividades oferecidas no Projeto Diálogos pela Liberdade.

4.2 Acolhida

É um dos traços da Rede Oblatas. Tem como objetivo melhorar a defesa dos direitos das mulheres em situação de prostituição, o acesso aos serviços socioassistenciais e contribuir para o resgate de sua cidadania, fortalecendo sua autoestima, ampliando seu conhecimento sobre as questões sociais, de gênero, saúde e trabalho.

4.3- Sensibilização/ Advocacy

O projeto de sensibilização visa ampliar o conhecimento do público, através das atividades promovidas pelas unidades e parceiros, para a desconstrução do estigma, sensibilizando a sociedade civil, o poder público e a academia sobre a realidade das mulheres que exercem a prostituição, criando condições na para o acesso e reconhecimento dos direitos.

A sensibilização ocorre principalmente por meio de palestras, seminários, workshops participação em Conselhos e articulação com entidades parceiras.

  1. Recomendações para Abordagem

5.1  Preparação Interior:

  • Esvaziar-se dos próprios problemas, pensamentos, juízos….
  • Tome consciência de que vamos entrar em “terra sagrada”, os rostos e corpos que encontraremos são moradas de Deus.
  • Entrar em contato com nossa Fonte de Vida, coloquediante de Deus nossos medos e preocupações, sentir-nos enviados por Ele.

5.2  Preparação “técnica” da visita:

  • Leitura dos relatórios de visitas anteriores;
  • Leitura dos instrumentos a serem distribuídos; apropriação das informações que serão comunicadas às mulheres;
  • Ter clareza sobre o que queremos comunicar na visita, como o faremos e quais aspectos serão o centro de nossa atenção;
  • Estar trajado com o colete que identifique o Projeto Diálogos Pela Liberdade;
  • Levar carteira de identidade, caderneta e caneta, assim como os instrumentos de comunicação.

5.3-Recomendações Durante a Visita

  • Cumprimentar e identificar-se, aos funcionários do hotel;
  • No primeiro contato com a mulher apresentar-se brevemente (quem somos, porque estamos aí);
  • Dependendo da condição em que a mulher se encontre, discernir prudentemente se deve ou não se aproximar;
  • Pedir licença à mulher: “Tem um minuto? ” “Posso entrega-lhe este informativo ou esta cartilha…? ”;
  • Não pedir informações à mulher a não ser que ela dê abertura ou liberdade para isso;
  • Olhar diretamente nos olhos, sorrir, manter a cordialidade em todo momento;
  • Anotar demandas e dados relevantes das mulheres que possam auxiliar em seu acompanhamento (Procurar lembrar o quarto e o nome de cada mulher);
  • Não levar muitos instrumentos distintos,
  • Procurar revezar as tarefas. Por exemplo: um pode conduzir mais as conversas e outro captar com atenção os detalhes
  • Ter um conhecimento básico dos serviços e encaminhamentos que o Projeto oferece e como podem ter acesso a eles;
  • A qualidade da visita é mais importante do que a quantidade de mulheres visitadas;
  • Se a visita produz alguma situação de cansaço, estresse, ou mal-estar nos agentes, é preferível suspende-la;
  • Estar atent@ a sua dupla de visitas no hotel, para que possa se evitar situações de constrangimentos e/ou riscos.

5.4 Recomendações depois da visita

  • Partilha das impressões da visita, desabafar frustrações (procure um lugar reservado);
  • Preencher o relatório com o máximo de informações obtidas;
  • Informações detalhadas a respeito de algumas situações que possam vir a ser relatadas pelas mulheres (violações de direitos humanos, problemática referida à saúde, segurança, etc.);
  • Os materiais utilizados (pastas, coletes, canetas, cadernetas, etc.), devem ser colocados no local onde foram retirados.
  1. Recomendações para acolhida

O espaço foi batizado “Cantinho da Paz” pelas mulheres por ser um local de descanso, acolhida relaxamento e capacitação profissional. Sendo um espaço alternativo à realidade que vivem cotidianamente.

Por isso é indispensável uma postura ética, compromissada, respeito e reserva diante das partilhas das mulheres. Não esqueça que a sua postura deve ser de um agente pastoral, ou seja, de escuta e acolhimento.

6.1 O voluntário também é responsável pela acolhida das mulheres que chegam no espaço

  • Seja disponível e atento ao espaço do Projeto, colaborando no que for possível;
  • Ser responsável em seu compromisso, dias e horários de projeto. Comunicar com antecedência prováveis ausências;
  • Ser ético; guardar sigilo do que escutar;
  • Acolher sem julgamento de valores, evitando posturas e falas preconceituosas;
  • Escuta atenta a mulher;
  • Não perguntar sobre a vida íntima das mulheres a fim de responder as curiosidades;
  • Não prometer e não trazer doações;
  • Acreditar na mulher como sujeito de sua própria história;
  • Considerar a realidade social e seu reflexo no contexto da prostituição;
  • Respeito à diversidade, e a história da mulher;
  • Evite conversar paralelas.
  • Preparação do momento de espiritualidade.

6.2  Na acolhida, são ofertados serviços como:

  • Encaminhamentos socioassistencias;
  • Cursos de capacitação profissionais;
  • Atendimento psicológico;
  • Atendimentos de práticas integrativas e complementares de saúde (auriculoterapia, acupuntura, massagens entre outros).

6.3  Cuidado com espaço

  • Procure manter o espaço limpo e organizado;
  • Pedimos que cuidem do banheiro (não jogue papel higiênico no chão, dê descarga, não urine na tampa do vaso);
  • Não é permitido ficar dentro da cozinha;
  • Horário de lanche é as 15h30m, após lanche jogue fora os descartáveis no lixo;
  • Após a realização de oficinas/cursos, gentileza guardar os objetos nos seus lugares;
  • Pedimos cuidado/respeito na comunicação (comentários sobre as mulheres ou hotéis).

Conteúdos do blog

As publicações deste blog trazem conteúdos institucionais do Diálogos pela Liberdade – Unidade da Rede Oblata Brasil, bem como reflexões autorais e também compartilhadas de terceiros sobre o tema prostituição, vulnerabilidade social, direitos humanos, saúde da mulher, gênero e raça, dentre outros assuntos relacionados. E, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posicionamentos dos conteúdos de terceiros, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. A Instituição busca compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento, trazendo à tona temas como o estigma e a violência contra as mulheres no âmbito prostitucional. Inspiradas pela Espiritualidade Cristã Libertadora, nos sentimos chamadas a habitar lugares e realidades emergentes de prostituição e tráfico de pessoas com fins de exploração sexual, onde se faz necessária a presença Oblata; e isso nos desafia a deslocar-nos em direção às fronteiras geográficas, existenciais e virtuais. 

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